Com o nome científico de Spathodea Campanulata, depois de proibir o plantio de “murtas” em território estadual, agora, Mato Grosso do Sul busca – com projeto de lei na Assembleia Legislativa – dar fim nas árvores chamadas Espatódeas, espécie que tem origem no continente africano e pode ser letal para abelhas e beija-flores.
De autoria do deputado estadual Zé Teixeira (PSDB), 2º vice-presidente da Casa de Leis, a intenção é proibir o plantio, além de cortar as árvores já existentes e descartar as mudas eventualmente produzidas.
Também conhecida como “Bisnagueira”, “Xixi-de-Macaco” ou “Tulipeira-do-Gabão”, conforme o texto da proposta, a árvore tem um grande potencial de crescimento e pode atingir entre 15 até 25 metros de altura e outros seis de diâmetro.
Acontece que, como justifica o deputado, além das raízes pouco profundas – que acabam em quedas de galhos podres -, a árvore representa um grave risco para abelhas, beija-flores e outros insetos que são mortos enquanto buscam o néctar de suas flores para a produção de mel e como alimento, graças à presença de alcalóides tóxicos letais presentes na espécie.
“Pesquisadores brasileiros acreditam que uma mucilagem presente no botão floral se mistura ao néctar da flor. Tal mucilagem é tóxica para as abelhas, que acabam morrendo quando ingerem o néctar. A morte de abelhas nativas pode trazer problemas para o ambiente natural por comprometer a polinização de outras espécies nativas”, justifica o parlamentar.
Listada entre as “100 piores espécies invasoras do mundo”, o texto do projeto de lei reforça que a proibição do plantio dessa espécie já existe em municípios de demais Estados brasileiros, como em Santa Catarina ou em Curitiba (PR).
Além disso, Zé Teixeira destaca que há matérias dessa mesma natureza circulando por Casas Legislativas, como:
- PL 6531/22| ALERJ – Deputada Tia Ju (Republicanos);
- PL 2087/24| ALMG – Deputado Coronel Henrique (PL).
Espécies “perigosas”
Com a criação de abelhas sem ferrão para produção de mel e própolis, também conhecida como meliponicultura, ganhando cada vez mais espaço em Mato Grosso do Sul, há uma série desses pequenos polinizadores que podem ser afetados por essa espécie de árvore.
Entre essas espécies de abelhas em risco aparecem:
- Jataí
- Mandaguari
- Mandaçaia
- Marmelada
- Iraí
- Mandaçaia Pantaneira
- Uruçu-amarela
- Lambe-olhos
Essa lei de proibição da Espatódea prevê até mesmo a aplicação de multa, que pode atingir até dez medidas da Unidade Fiscal Estadual de Referência de Mato Grosso do Sul (UFERMS).
Sendo essa mais uma espécie de árvore a entrar para lista de “proibidas” em Mato Grosso do Sul, vale lembrar, por exemplo, a novela da proibição em Mato Grosso do Sul, que começou por volta de julho de 2024, após o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) listar MS como com registro de ocorrência da chamada doença dos citros.
Após isso, deputados estaduais aprovaram um projeto de lei que proibia o plantio; comércio; transporte e produção de murta em MS, seguindo onda proibitiva que atingiu várias cidades Estado brasileiros, devido ao potencial destrutivo da hospedeira da doença.
Com isso, a sanção pelas mãos do governador Eduardo Riedel, sobre a proibição do plantio de murtas em Mato Grosso do Sul, saiu em 24 de agosto do ano passado, em menos de uma semana após aprovado o projeto.
Se essa nova lei for aprovada, a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO) deve ficar encarregada pelas campanhas de conscientização com os municípios, para tornar públicos os efeitos danosos da árvore e incentivar a substituição das existentes por espécies nativas.