21.2 C
Dourados
segunda-feira, 16 de junho de 2025

Processo disciplinar não comprovou assédio contra aluna de Medicina, diz UFGD

A UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) informou que as denúncias de assédio sexual e ameaça feita à polícia por uma acadêmica de Medicina, de 44 anos, não foram comprovadas na época dos fatos. Conforme a instituição, análises de imagens e oitivas com testemunhas aconteceram até se chegar à decisão. 

Como mostrado pelo Dourados News no sábado (14/6), a mulher procurou a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) no fim da manhã de sexta-feira para registrar o fato ocorrido com outro aluno durante estágio no HU-UFGD (Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados), em julho de 2022. 

Ela alegou que na época, não denunciou o rapaz por questões de segurança, conforme recomendado pelo advogado. 

Em nota encaminhada na manhã desta segunda, a Universidade afirma que todo o processo foi conduzido por meio de uma Comissão de Processo Disciplinar Discente, “garantindo a ampla defesa e o contraditório, conforme o disposto no Regulamento Disciplinar do Corpo Discente da UFGD”.

“A comissão realizou a escuta das partes, colheu os depoimentos, analisou todos os elementos disponíveis, incluindo as imagens das câmeras internas e externas do Hospital Universitário, e, após avaliação criteriosa, concluiu que não havia elementos de materialidade que comprovassem os fatos denunciados, conduzindo o processo nos termos das normativas vigentes”, disse a Universidade através de nota.

A UFGD afirmou ainda que se colocou à disposição da acadêmica na época, ao saber sobre a insatisfação dela quanto a apuração, sem que houvesse a formalização junto à ouvidoria da Universidade. 

“Posteriormente, ao tomar conhecimento da insatisfação da acadêmica em relação ao desfecho do processo conduzido pela comissão, a UFGD, por meio da sua Ouvidoria, prontamente se colocou à disposição para prestar esclarecimentos, oferecer orientações e realizar os devidos encaminhamentos às instâncias competentes. Contudo, até o momento, não houve formalização de demanda pela acadêmica junto à Ouvidoria”, relatou.

Por fim, a instituição citou o compromisso para manutenção do ambiente acadêmico “seguro, ético e livre de qualquer forma de violência, discriminação, assédio ou ameaça, mantendo canais abertos para acolhimento, escuta, orientação e encaminhamento de denúncias, e seguirá adotando todas as medidas institucionais cabíveis para a garantia do respeito, da segurança e da integridade de sua comunidade acadêmica”.

Entenda o caso

Mulher de 44 anos registrou boletim de ocorrência na manhã de sexta-feira (13/6) alegando ter sofrido assédio sexual e ameaça de um colega do mesmo curso. O caso aconteceu em julho de 2022, durante estágio no HU-UFGD.  

Conforme a mulher, o fato na época não foi resolvido pela instituição.  

À polícia, ela contou que durante atendimento a paciente em estágio realizado no hospital, o rapaz se aproximou e disse: “mãe solteira só serve para fazer chupetinha”, continuando, “você vai ter que fazer chupetinha em mim e só vou entrar por trás (sic)”. 

Logo depois, a mulher contou que o repreendeu e pediu respeito. 

Mais tarde, o acadêmico a seguiu até o estacionamento e entrou no carro, puxando a blusa da aluna e tentando apalpar os seios e partes íntimas. 

Novamente repreendido, o homem pegou a bolsa e passou a ameaçá-la. “Sua vagabunda, você não sabe do que sou capaz”, disse, conforme consta no registro de ocorrência. 

A vítima então procurou a coordenação do curso na companhia de uma testemunha e de outra acadêmica que também havia passado pela mesma situação. O caso foi levado à reitoria com a promessa de que providências seriam tomadas, o que não aconteceu, de acordo com ela. 

A mulher alega ainda ter buscado solução com a direção do Hospital Universitário e na época, algumas imagens foram analisadas, porém, sem uma punição ao acusado. 

Após as denúncias, disse que passou a ser perseguida pelo aluno. “(…) continuou a assediar, ameaçar e em sala de aula ficava segurando as bolas na sua frente (sic)”, relata o boletim. 

O caso é investigado e foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) como ameaça e assédio sexual. 

Outro lado

Em contato com o Dourados News no sábado (14/6), o Hospital Universitário disse ter recebido a denúncia na época e acolheu a estudante com acompanhamento e orientação jurídica, formalizando o relatado por ela junto a ouvidoria da UFGD. 

“A usuária foi devidamente acolhida pela equipe do HU-UFGD, inclusive com acompanhamento e orientação jurídica. A denúncia foi formalizada junto à ouvidoria da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), instância responsável pela apuração de fatos envolvendo estudantes da universidade, conforme previsto nos protocolos institucionais”, diz, alegando que o hospital não compactua com qualquer forma de assédio ou violência. 

Em relação a Universidade, no mesmo dia foi encaminhado pedido de posicionamento via aplicativo de mensagem e também formalizado através de e-mail. A resposta veio nesta segunda, com o posicionamento citado acima. 

Fonte: Adriano Moretto/Dourados News

Leia também

Últimas Notícias