As geadas que atingiram Mato Grosso do Sul, nas áreas central e sul em maio e em junho podem representar danos entre 10% e 30% na produção do milho nestas localidades. Os prejuízos serão mais notáveis para lavouras com plantio tardio, ou seja, fora da época recomendada, porém apesar das adversidades climáticas, a expectativa é positiva no geral. Conforme a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja) a produtividade média estimada é de 80,8 sacas por hectare.
O pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Carlos Ricardo Fietz, cita que houve registro de ocorrências de geadas em três dias no Estado, sendo em 30 de maio e 24 e 25 de junho. Estima-se que cerca de 22 mil hectares — 1% da área total de plantio — tenham sido afetados, com perdas variando entre 10% e 30% da produção nessas localidades. A área cultivada deve atingir 2,103 milhões de hectares.
“O fenômeno natural atingiu áreas localizadas e, provavelmente, lavouras com plantio tardio”, destaca Carlos Fietz ao complementar que “portanto, de maneira geral, a safra do milho foi boa e a expectativa é uma boa produtividade”.
O produtor rural Edson Beltramelo, de 36 anos, morador de Aral Moreira, no sul do Estado, atua na agricultura há duas décadas e relata prejuízos consideráveis em sua propriedade. “Estou com quase 60% da área colhida. Nessas áreas, tive um pouco de perda por conta da estiagem no início da cultura, mas a produção está sendo razoável. Já nos outros 40%, tive perda de mais de 90% por conta da geada. Foi um frio muito forte, há mais de 10 anos não vejo uma geada tão severa como essa”, relata o produtor, que ainda tem pra colher 45% da produção.
Da área cultivada no estado de 2,103 milhões de hectares, conforme a Aprosoja, 80% das lavouras avaliadas apresentam boas condições. Até o momento, cerca de 10% da área total já foi colhida.
O pesquisador Carlos Ricardo Fietz cita que a maior parte do milho já se encontra em fase final de maturação ou colheita, o que reduz significativamente o risco de perdas futuras, mesmo que ocorram novos episódios de frio. Vale destacar que o inverno começou no dia 20 de junho e segue oficialmente até o dia 22 de setembro.
Fietz ressalta ainda que julho é o mês com maior probabilidade de geadas no Estado (40%), seguido por junho (25%) e agosto (22%).
Já em relação a colheita do grão, o início foi no final de maio e a expectativa é que se estenda até a última semana de agosto.

Dados econômicos
O analista de Economia da Aprosoja, Mateus Fernandes, afirma que com o aumento de milho no mercado, os preços do grão estão sofrendo grande pressão, fazendo com que os preços caiam, o que acontece pela lei da oferta e demanda.
“Ao analisarmos o mercado como um todo, o dólar tem diminuído também, o que interfere diretamente no preço do milho. Mas, na comparação com o ano passado, as condições mercadológicas atualmente estão melhores. Com o avanço da colheita, existem outros pontos que precisam ser levados em conta, como o custo logístico e a armazenagem. O déficit de armazenagem pode ser um fator crucial para determinar as margens de lucro dos produtores, visto que a expectativa para o preço do milho no futuro é de aumento no preço e os produtores que conseguirem armazenar poderão se beneficiar com momentos melhores, onde os preços estejam mais vantajosos” destacou em entrevista recente para o Aprosoja MS.
Fonte: Gizele Almeida/Dourados Agora