A resposta da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre a habilitação da empresa K-Infra para participar do leilão da Rota da Celulose deve sair ainda nesta semana. A afirmação foi feita na manhã desta segunda-feira pelo governador Eduardo Riedel, após evento para assinatura de convênios para construção de 249 casas em seis municípios de Mato Grosso do Sul.
O certame está paralisado desde o dia 11 junho, depois que o segundo colocado no leilão do dia 8 de maio entrou com recurso pedindo a desclassificação do vencedor do leilão que prevê a entrega de 870 quilômetros de rodovias em Mato Grosso do Sul ao consórcio K&G (K-Infra e Galapagos Investimentos)
A ANTT concedeu certidão para que a empresa K-Infra participasse da licitação por conta de sua experiência na administração da BR-393, a Rodovia do Aço, no Rio de Janeiro. Porém, a mesma ANTT acabou expulsando a empresa da rodovia dias depois do leilão, no dia 10 de junho.
E exatamente por conta disso o segundo colocado, o consórcio XP Infra Fundo de Investimentos recorreu administrativamente para desbancar vencedor. “Em campo”, a K-Infra venceu por ter oferecido deságio de 9% sobre a tarifa máxima, ante 8% oferecidos pelo segundo colocado.
Então, se a ANTT cumprir os prazos, segundo o governador Eduardo Riedel, até o fim desta semana ela dirá se a certidão dada à K-Infra é válido ou não. Com isso, os prazos estipulados no edital voltam a correr e o contrato de concessão poderá ser assinado, caso nenhum dos envolvidos consiga decisão judicial paralisando o processo.
Antes de a K-Infra ter sido expulsa da Rodovia do Aço, a caducidade da concessionária já havia sido decidida pelo governo federal há meses, mas não havia sido oficializada porque a empresa havia conseguido uma liminar, derrubada na segunda instância.
A K-infra argumenta que a caducidade, oficializada foi decretada “sem a devida observância ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal”, disse, em nota. A empresa recorreu, conseguiu liminar do Supremo Tribunal Federal, chegou a retomar a rodovia, mas ficou menos de um dia e voltou a ser expulsa na semana passada pelo DNIT e a ANTT.
ROTA DA CELULOSE
A Rota da Celulose “privatiza” a BR-262, entre Campo Grande e Três Lagoas; a BR-267, entre Nova Alvorada do Sul e Bataguassu, e a MS-040 (338 e 395), entre Campo Grande e Bataguassu. A concessão é por 30 anos e prevê a instalação de 12 praças de cobrança de pedágio.
COnforme o edital, a empresa vencedora tetá de fazer 115 km em duplicações, 245 km em terceiras faixas, 12 km de marginais, implantação de 38 km em contornos de municípios, A malha passará ainda a ter 100% de acostamento, o que representa mais de 450 quilômetros.
A previsão é de que o tráfego seja retirado de cidades como cidades de Ribas do Rio Pardo, Água Clara e Bataguassu.
No leilão, o consórcio da XP participou em sociedade com as construtoras CLD, Caiapó, Ética, Conter e a Disbral (Distribuidora Brasileira de Asfalto).
Em Mato Grosso do Sul, a construtora goiana Caiapó já atua em grandes obras. Está à frente pavimentação da BR-419, na região de Aquidauana, e na construção do acesso à ponte sobre o Rio Paraguai, em Porto Murtinho, uma obra de R$ 472 milhões.
MISTÉRIO
A K-Infra é vista no setor de infraestrutura com desconfiança. A empresa é controlada pelo Group K2 Holding e pelo Group 2GK LLC Group Holdings, empresas sediadas nos Estados Unidos e representadas por Carlos Alberto Kubota.
Em 2019, o grupo chegou a negociar a linha 6-Laranja do Metrô e gerou críticas no mercado pela falta de clareza sobre seus acionistas.
À época, a empresa disse ao Valor que atuava junto a fundos de investimento americanos, que não quiseram se identificar devido a regras de compliance. Novamente questionada pela reportagem a respeito em maio, a companhia não disse quem são os sócios.
Já a Galápagos Capital é uma gestora com R$ 27 bilhões de ativos sob gestão e que, no dia do leilão, manifestou a intenção de expandir sua atuação no mercado rodoviário.