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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Irã diz que retomará programa de enriquecimento de urânio

Fala do ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, ocorre dias antes de encontro com Alemanha, França e Reino Unido para negociar programa nuclear.

O Irã seguirá adiante com o desenvolvimento de seu programa nuclear, especialmente o enriquecimento de urânio, apesar dos “graves danos” sofridos por algumas de suas instalações devido a bombardeios dos EUA, afirmou na segunda-feira (21) o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi.

O diplomata abordou o tema em uma entrevista ao canal americano “Fox News” dias antes de reunião com representantes da Alemanha, França e Reino Unido em Istambul, marcada para a próxima sexta-feira (25), para falar sobre o programa nuclear de Teerã. Antes do encontro, o Irã consultará seus aliados China e Rússia nesta terça-feira.

Em apoio à ofensiva israelense contra o Irã, os Estados Unidos bombardearam em 22 de junho o centro subterrâneo de enriquecimento de urânio de Fordo e as centrais nucleares de Isfahan e Natanz. O presidente Donald Trump afirmou que seu país faria isso de novo “se for necessário”.

“Há uma paralisação porque, sim, os danos são graves, mas, evidentemente, não podemos renunciar ao enriquecimento porque é uma conquista dos nossos próprios cientistas. E agora, além disso, é uma questão de orgulho nacional”, explicou Araqchi à “Fox News”.

Araqchi também destacou que qualquer acordo nuclear futuro teria que incluir o direito ao enriquecimento. O governo Trump quis impor enriquecimento zero de urânio no Irã durante negociações diretas sobre o programa nuclear de Teerã entre maio e junho que não tiveram sucesso. O ministro iraniano garantiu que, além dos europeus, o país também estaria “aberto” a manter conversas indiretas com os EUA.

A reunião de sexta-feira será a primeira desde a guerra de 12 dias entre Irã e Israel em junho e o bombardeio americano às instalações nucleares iranianas.

O Irã e os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, França, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia), além da Alemanha, alcançaram em 2015 um acordo que impôs limites ao programa nuclear iraniano em troca de um alívio nas sanções.

Mas o acordo foi encerrado em 2018, quando Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos e retomou as sanções.

‘A tecnologia está lá’

Questionado sobre se o urânio enriquecido havia sido preservado, o ministro iraniano afirmou não ter “informações detalhadas” a esse respeito, mas que a agência atômica do país trabalha para avaliar em que situação se encontra “o material enriquecido”.

Trump insistiu em que os ataques de seu Exército destruíram “completamente” as três instalações nucleares atingidas —Fordow, Natanz e Isfahan— e criticou relatos de imprensa que citam relatórios de inteligência com avaliações mais conservadoras.

Embora afirmasse que não havia uma solução militar à disputa sobre o programa iraniano, Araqchi confirmou à “Fox News” graves danos às instalações nucleares: “Sim, as instalações foram destruídas. Foram gravemente destruídas.”

“Mas a tecnologia está lá. Nosso programa nuclear, nosso programa de enriquecimento, não é algo importado do exterior que possa ser destruído com bombardeios”, afirmou Araqchi.

Trump recebeu com satisfação os comentários de Araqchi em uma publicação em sua rede Truth Social na segunda-feira. “Justo como eu disse, e faremos de novo se for necessário!”, publicou o presidente americano.

“Estamos abertos a conversas, mas não diretas por enquanto”, disse Araqchi à “Fox News”, para alcançar um acordo sobre as medidas a serem tomadas para “demonstrar que o programa nuclear é pacífico” em troca de os Estados Unidos levantarem as sanções que pesam sobre o Irã.

O ministro iraniano também assinalou que o país continua “tendo um bom número de mísseis” para se defender, apesar de Israel ter atacado os depósitos de armamentos. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou na semana passada que o país está pronto para responder a qualquer novo ataque.

Sobre Khamenei, o ministro garante que o viu “em muito boa forma e muito saudável” durante um encontro que ambos tiveram horas antes da entrevista à “Fox News”.

Fonte: France Presse/AFP/g1

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