Dourados voltou a figurar entre os municípios com as maiores taxas de estupro do país. De acordo com os dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, a cidade ocupa a 10ª posição nacional, com uma taxa de 90,9 estupros para cada grupo de 100 mil habitantes.
Apesar da gravidade do cenário, houve uma ligeira melhora em relação ao ano anterior, quando Dourados estava na 5ª colocação. A redução nos números absolutos foi de 1,3%.
O relatório aponta que a localização geográfica da cidade contribui para a complexidade do problema. Dourados está próxima à divisa com o Paraná, Estado que lidera o ranking das maiores taxas de estupro e estupro de vulnerável, com 12 municípios, e a pouco mais de 100 quilômetros da fronteira com o Paraguai.
Além disso, o município abriga diversas comunidades indígenas, onde também são registrados casos recorrentes de violência sexual.
Um dos casos que exemplificam essa realidade ocorreu em outubro de 2024, quando a Polícia Rodoviária Federal (PRF) prendeu um idoso de 70 anos, acusado de tentar estuprar uma jovem de 19 anos com grau elevado de autismo, totalmente dependente de cuidados familiares. O crime ocorreu na aldeia Pacuriti, às margens da BR-463, entre Dourados e Ponta Porã.
Outro caso chocante foi registrado em abril, na aldeia Bororó, onde uma jovem de 20 anos foi agredida com socos e tapas enquanto voltava para casa. Ela foi encontrada desacordada e, ao recobrar a consciência, estava nua e com sinais claros de violência sexual.
Fora das aldeias, os casos também assustam. Em julho, José Dolores Pereira Duarte, de 60 anos, foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo estupro de uma menina de 9 anos, ocorrido em fevereiro na zona rural de Dourados.
Segundo informações do Dourados News, o homem era namorado da avó da criança e invadiu o quarto onde ela estava com a irmã para cometer o abuso.
Além de Dourados, o estado de Mato Grosso do Sul também aparece no ranking com o município de Três Lagoas, que ocupa a 36ª posição, com uma taxa de 67,9 estupros por 100 mil habitantes. Já a capital, Campo Grande, que integrava a lista em 2023, não consta entre as cidades com maiores índices em 2024.
Dados alarmantes
Os dados nacionais revelam um cenário ainda mais preocupante, visto que o Brasil registrou o maior número de estupros e estupros de vulnerável da história em 2024. Foram 87.545 vítimas contabilizadas no ano.
O estudo ainda aponta que 76,8% das vítimas eram vulneráveis; 87,7% do sexo feminino; 55,6% negras; 65,7% dos casos ocorreram dentro de casa; e em relação aos autores, 45,5% eram familiares e 20,3% parceiros ou ex-parceiros íntimos.
A violência sexual também atinge com mais força crianças e adolescentes. Do total de vítimas, 10,3% tinham entre 0 e 4 anos, 18,2% entre 5 e 9 anos, 32,9% entre 10 e 13 anos e 16,3% entre 14 e 17 anos.
O Anuário ainda destaca a dificuldade na produção de provas que possibilitem a responsabilização dos agressores. Em 2024, foram realizadas 67.157 perícias sexológicas, mas apenas 9,8% resultaram em laudos positivos.
Os números reforçam a urgência de políticas públicas de prevenção, acolhimento e responsabilização.
Fonte: Jessica Beatriz/Dourados News