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quinta-feira, 31 de julho de 2025

Surto de sarampo na fronteira acende alerta em Campo Grande

Secretaria de Saúde emitiu alerta epidemiológico com orientações para evitar casos na Capital

Diante do aumento expressivo dos casos de sarampo nas regiões de fronteira, especialmente na Bolívia, que faz fronteira com Mato Grosso do Sul através de Corumbá e enfrenta surto da doença, vários estados intensificaram ações para evitar novos casos no Brasil. Em Campo Grande, a Coordenadoria de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) emitiu alerta epidemiológico nessa terça-feira (29).

O documento detalha que, em 24 de junho de 2025, foi declarada emergência sanitária na Bolívia em decorrência do aumento de casos no País, com 119 casos confirmados em sete cidades.

Conforme o Ministério da Saúde, até o dia 27 de julho, o Brasil registrou 14 casos no ano, sendo considerados importados, quando a infecção ocorre fora do país, e envolvem pessoas não vacinadas com histórico de viagem à Bolívia. 

Considerando que o distrito de Santa Cruz, na Bolívia, faz fronteira com Mato Grosso do Sul, em 26 de junho, o Cievs Fronteira Corumbá já havia emitido um alerta de risco direcionado aos serviços de saúde da região.

Assim, considerando o surto da doença e nota técnica do Ministério da Saúde que trata da intensificação da vacinação contra o sarampo nos municípios de fronteira com a Bolívia e que traz dados que demonstram que o cenário epidemiológico internacional aponta para uma reemergência da circulação do vírus, o Cievs de Campo Grande também emitiu o alerta de risco.

O alerta epidemiológico emitido consiste na divulgação de informações sobre a ocorrência de eventos com potencial de risco à saúde, com descrição da situação, cuidados e medidas necessárias à redução ou eliminação do risco.

Segundo o documento, de 2017 a junho de 2025, foram notificados 170 casos suspeitos de sarampo em Campo Grande, sendo 158 descartados e 12 confirmados. Dos confirmados, dois foram em 2019 e 10 em 2020, com cinco importados e sete autóctones.

A adesão à vacinação é a forma mais eficaz de evitar o retorno do sarampo ao país. A meta preconizada para a cobertura vacinal com a tríplice viral é de 95%.

Em Campo Grande, a cobertura vacinal em 2023 foi de 106,58% e caiu para 95,30% no ano passado. Neste ano, até maio, a cobertura atingiu 87,88%.

Além do alerta da Capital, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) também tem alerta vigente e uma força-tarefa em andamento desde o dia 9 de junho, que reúne estratégias de vacinação, capacitação técnica e cooperação internacional, com destaque para o Dia D de imunização realizado no último sábado (26) e a doação de 20 mil doses da vacina tríplice viral ao governo boliviano.

Apesar do surto se concentrar na Bolívia, a região das Américas registra mais de 7 mil casos de sarampo e 13 mortes, com casos também na Argentina, Belize, Canadá, Costa Rica, Estados Unidos, México e Peru.

Assim, conforme o Ministério da Saúde, a principal preocupação neste momento é com brasileiros que viajam para o exterior, especialmente para países da América do Norte, onde a maior parte dos casos está concentrada.

Sarampo

O sarampo é uma doença infecciosa grave causada por vírus, com potencial de levar à morte em casos mais severos. A transmissão ocorre de forma rápida e direta, principalmente por meio de gotículas liberadas pelo doente ao tossir, falar, espirrar ou até respirar próximo de outras pessoas.

A forma mais eficaz de prevenção é vacinação, que protege contra a infecção e interrompe a disseminação.

No passado, a doença figurou entre as principais causas de mortalidade infantil, mas seu impacto foi reduzido ao longo dos anos graças a políticas consistentes de vacinação. Um marco nesse esforço foi o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, implementado em 1992.

Em 2016, esses avanços levaram o Brasil a ser reconhecido pela Opas como livre da doença pela primeira vez. Em 2018, porém, o vírus voltou a circular no País, que perdeu o título em 2019. Mas os registros caíram depois disso. Enquanto em 2019 foram mais de 20.900 casos no Brasil, em 2022 foram só 41.

Depois, não foram registrados casos de transmissão local e,  em 2024, o País atingiu dois anos sem transmissão em seu território, recebendo a recertificação de país livre do sarampo.

Fonte: Glaucea Vaccari/Correio do Estado

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