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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Sem derrubar florestas, MS dobra área de soja

Área plantada no Estado salta de 1,77 milhão de hectares para 4,52 milhões de hectares; 56% da expansão reaproveita pastagens

Mato Grosso do Sul consolidou nos últimos anos uma posição de destaque quando o assunto é desenvolvimento sustentável na agricultura.A expansão da soja, principal cultura do Estado, ocorre de forma acelerada e com foco na recuperação de áreas degradadas, aponta levantamento recente.

De acordo com o estudo de uso e ocupação do solo (UOS), desenvolvido pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), em parceria com o governo do Estado, a área cultivada com soja mais que dobrou em 15 anos.

Entre a safra 2009/2010 e a safra 2024/2025, houve um salto de 1,77 milhão de hectares para 4,52 milhões de hectares, representando um aumento de 155%.

O levantamento mostra que a expansão ocorreu, em sua maioria, sem pressão sobre a vegetação nativa. Do total, 56% das novas lavouras foram abertas em áreas de pastagens degradadas, 33% em regiões já utilizadas para agricultura, 7% substituíram outras culturas e apenas 4% avançaram sobre vegetação natural.

Segundo o assessor técnico da Aprosoja-MS, Flávio Aguena, o crescimento é resultado de estratégias que conciliam competitividade e sustentabilidade.

“Na agricultura tropical, o produtor rural necessita de práticas sustentáveis para ser competitivo diante de cenários econômicos desafiadores, com insumos cada vez mais caros e com uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Nesse contexto, a soja vem se expandindo em áreas estratégicas, desenvolvendo a economia local, recuperando áreas degradadas, sequestrando carbono e gerando oportunidades com uso de técnicas sustentáveis como o sistema plantio direto [SPD], manejo integrado de pragas [MIP] e integração lavoura-pecuária-floresta [ILPF]”, explicou.

TECNOLOGIAS

Essas tecnologias têm permitido ao Estado ampliar a produção ao mesmo tempo em que preserva recursos naturais e cumpre exigências ambientais.

O avanço da sojicultura impacta diretamente a economia sul-mato-grossense. A agricultura responde por 33% do Valor Bruto da Produção (VBP) estadual, e as lavouras representam 52% desse total. Apenas em 2024, a atividade movimentou R$ 45,8 bilhões e foi responsável por 85% da arrecadação de ICMS no campo.

Os reflexos também aparecem nas projeções de crescimento econômico. O relatório Resenha Regional, elaborado pelo Banco do Brasil, estima que Mato Grosso do Sul terá neste ano uma alta de 5,3% no Produto Interno Bruto (PIB), o terceiro maior incremento do País, impulsionado pelo agronegócio.

Além da receita, a soja tem desempenhado papel importante na geração de empregos e na melhoria dos indicadores sociais.

Estudo da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul) identificou correlação positiva de 0,7 entre municípios produtores de soja e os maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) do Estado.

Isso demonstra que regiões com maior presença da cultura apresentam melhores condições de renda, educação e qualidade de vida.

Esse efeito multiplicador tem contribuído para reduzir desigualdades regionais e consolidar a agricultura como vetor de desenvolvimento.

EXPANSÃO

O Estado ainda dispõe de espaço para crescer de maneira sustentável. Estudo divulgado em 2024, pela revista sueca Land, aponta que o Brasil tem 28 milhões de hectares de pastagens degradadas com potencial para conversão em áreas agrícolas, sendo 4,3 milhões de hectares apenas em Mato Grosso do Sul.

A transformação dessas áreas é considerada economicamente viável, com custo médio de R$ 5 mil por hectare. Essa alternativa reforça a importância da recuperação de pastagens e da preservação da vegetação nativa, ao mesmo tempo em que amplia a capacidade produtiva do Estado.

Com crescimento acima da média, diversificação tecnológica e alinhamento às práticas de sustentabilidade, Mato Grosso do Sul se consolida como uma das principais referências na expansão da soja no Brasil.

A estratégia de ampliar lavouras sem abrir novas áreas de floresta tem garantido equilíbrio entre desenvolvimento econômico, preservação ambiental e geração de oportunidades.

Fonte: Suzan Benites/Correio do Estado

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