O grupo de artistas se reuniu nos dias 29 e 30 de agosto, sexta-feira e sábado, para revitalizar com a arte do graffiti a entrada do residencial Campo Dourado, em Dourados.
Em entrevista exclusiva ao Dourados News, a arquiteta e urbanista, além de artista douradense de 24 anos, Maria Luiza – mais conhecida como Kint, relatou que a revitalização levou cerca de dois dias.
Foto: Maria Luiza
“Eu e a Gi Brandão fomos no local na sexta, passar a cor azul no fundo, e nos reunimos no último sábado, pra fazer as artes”.
Foram mais de cinco artistas envolvidos na obra de revitalização. Segundo Kint, outros artistas ainda vão contribuir com a pintura nos próximos dias.
Foto: Maria Luiza
Importante destacar que o grupo teve autorização para realizar a intervenção artística. “Eu sou moradora do Campo Dourado e desde que comecei no graffiti eu quis fazer essa revitalização lá na entrada. Até que surgiu a ideia com a Gi Brandão, e entramos em contato com a presidente do bairro e a Sanesul, pois o muro é do terreno deles”.
Sobre as dificuldades enfrentadas, ela comenta: “O material a gente conseguiu um patrocínio do meu pai para a tinta do fundo, e a Andréia, presidente do bairro, nos deu mais um balde de tinta pra usarmos”.
Foto: Maria Luiza
Mas somente esse material não era suficiente para o tamanho do muro que receberia a revitalização colorida projetada pelo grupo. “Cada um chegou com seus materiais, eu convidei todos pelas redes sociais e foi quem quis. Sem fins lucrativos, apenas pelo amor ao graffiti”.
Segundo Kint, não houve um projeto específico: cada artista trouxe sua ideia e, juntos, construíram a obra coletiva. “A Gi Brandão lançou seu letreiro de graffiti [LA BRUXA] e ao lado ela representou a escritora Carolina Maria de Jesus, uma importante escritora negra da década de 60. Logo ao lado eu fiz o rosto de outra escritora do Brasil, a Clarisse Lispector”.
Foto: Maria Luiza
As imagens do antes e depois deixam clara a transformação: o muro, antes pálido e marcado por rabiscos, agora exibe cores vibrantes e mensagens que inspiram. “A gente combinou de fazermos lado a lado para criar a conexão”.
Foto: Maria Luiza
“Ao lado da Clarisse eu fiz meu letreiro de graffiti, escrito ‘ARTE’, que é a minha marca (…) eu escrevo [ARTE] para confrontar o olhar daqueles que veem o graffiti como um crime, uma perda de tempo, enquanto para mim é a arte livre”.
O graffiti vem conquistando cada vez mais o seu espaço como expressão legítima e valorizada. “Depois os meninos fizeram seus graffitis, o Parrésio com o letreiro [AGORA], passando uma mensagem sobre vivenciarmos o agora, e não as amarras passadas ou anseios do futuro”.
Foto: Maria Luiza
Além de embelezar os espaços urbanos, o graffiti também resgata a identidade cultural e fortalece os laços comunitários. “O Weverton chegou com um personagem, o Tuler com a sigla dele [SGL], o Duka com a sigla dele [DK], e o Antônio Treze com sua arte, a qual ele trabalha pintando cervos e cenários psicodélicos. Então cada um representou sua própria ideia e fizemos tudo isso combinar”, finaliza.
Fonte: Charles Aparecido/Dourados News
