Com histórias que emocionam e revelam o amor pelos animais, duas tutoras de Dourados mostram como o Cadastro Nacional de Animais Domésticos (SinPatinhas) tem sido importante tanto para garantir a identificação e a segurança dos pets quanto para fortalecer políticas públicas voltadas à causa animal.
A servidora pública Daniela Antoniassi, moradora de Dourados, é tutora de sete pets — quatro cães e três gatos, todos resgatados das ruas. As idades variam entre um ano e meio e seis anos, e cada um tem uma história de acolhimento e carinho.
Foto: Arquivo Pessoal / Daniela Antoniassi
“Todos chegaram via acolhimento das ruas. Os dois cães mais velhos estavam perdidos, ainda filhotes, próximo ao Parque do Lago, e as duas mais novas foram da mesma forma, estavam perdidas ou abandonadas, também vagavam pelas ruas”, contou.
Ela lembra ainda que os felinos também vieram de situações delicadas. “Um dos gatos vivia em um bueiro, próximo da casa de um parente, e os outros dois foram encontrados ainda filhotes, à noite, em dias de muita chuva.”
Com tantos animais sob seus cuidados, Daniela viu no Cadastro Nacional de Animais Domésticos (SinPatinhas) uma ferramenta essencial de proteção e segurança. O sistema, criado pelo Governo Federal, permite o registro gratuito de cães e gatos e gera um RG Animal com QR Code, facilitando a identificação em caso de perda.
Foto: Arquivo Pessoal/ Daniela Antoniassi
“Além de poder receber as informações de campanhas de vacina, o que me motivou foi uma maior possibilidade de encontrá-los caso se percam. Como nesse cadastro tem a iniciativa dos dados do tutor, fico mais aliviada caso isso aconteça”, relatou.
A tutora lembra que, antes do cadastro, já havia enfrentado momentos de apreensão. “Quando mais nova, já tive dois cães que escaparam do portão e, por mais que saímos logo em seguida, não encontramos. Os próprios pets que estão comigo hoje, não sei se foram abandonados ou se perderam. A identificação do SinPatinhas ajudaria muito nessas situações.”
Daniela reforça que o cadastro é gratuito e destaca que muitas pessoas ainda têm receio por desinformação. “Muitos ainda acreditam que o cadastro pode vir a gerar algum imposto. E, na verdade, é totalmente o oposto. Precisamos mostrar para o governo a necessidade de políticas públicas e ele só consegue fazer algo se tiver como justificar.”
Sobre o sentimento de ver os próprios pets com um documento de identificação, ela descreve com emoção. “Já imprimi o QR Code. Pra mim foi uma sensação de alívio de saber que caso se percam, eles têm mais chances de voltar pra casa. Eles não são microchipados, mas acho que essa identificação ajuda muito.”
Foto: Arquivo Pessoal / Daniela Antoniassi
Para Daniela, o SinPatinhas também é um instrumento de conscientização. “Me fez perceber o quanto é necessário pelos demais, o quanto precisamos melhorar na nossa forma de lidar com os animais. E, sem dados, o governo não consegue planejar e realizar políticas públicas.”
Ela deixa ainda um recado para os tutores que ainda não realizaram o cadastro. “Não tenham medo de fazer o cadastro. É tão importante e fundamental que nossos governantes tenham um olhar para essa necessidade. A causa animal vai muito além de castração e vacinação, isso também é saúde pública.”
Já a contadora Luciana Martelli, também moradora de Dourados, viveu recentemente o luto pela perda da Duda, sua cachorrinha que esteve ao seu lado por quase 16 anos. Mesmo em meio à saudade, ela entende a importância de atualizar as informações no sistema.
Foto: Arquivo Pessoal / Luciana Martelli
“Duda foi a minha porta de entrada para a causa animal. Apesar de já ter tido outros animais quando mais nova, foi somente com ela que eu comecei a ter olhos para os animais em situação de rua e como esse número é crescente”, contou.
Segundo Luciana, foi por meio da convivência com a Duda que ela se envolveu com o trabalho das protetoras da cidade. “Foi com a vinda de Duda pra minha vida que comecei a entender o mundo das protetoras individuais e conheci as pessoas que fundaram a AAMA – Associação Amigos dos Animais de Dourados.”
Com carinho, ela lembra da personalidade da cachorrinha. “Dudinha era cativante, serelepe, danada demais até os 15 anos, tinha uma personalidade territorialista e mandona. Foi o centro das atenções por quase 16 anos, já que numa casa sem crianças, ela era a criança de patas.”
Mesmo abalada pela perda, Luciana fez questão de informar o óbito da Duda no SinPatinhas, respeitando a função social do cadastro. “Duda se foi não tem um mês ainda e eu me dei conta que precisava informar o óbito no SinPatinhas, já que ela tinha o RG canino, uma ação de grande importância para que o governo possa ter dados confiáveis sobre a população animal.”
Foto: Arquivo Pessoal / Luciana Martelli
Ela lembra também que, no início, houve muita desinformação sobre o sistema. “Quando essa campanha foi lançada eu me recordo que houve muita desinformação a respeito do cadastro, fazendo com que várias pessoas deixassem de fazê-lo, seja por receio de uso indevido dos dados ou futura cobrança de impostos/taxas — e isso não é verdade.”
Luciana reforça que o sistema é seguro e essencial para que o poder público tenha dados concretos. “O cadastro é feito via conta gov, é seguro e somente assim podemos solicitar serviços públicos voltados à causa animal. Eu pude cuidar de Duda por quase 16 anos, mas se olharmos à nossa volta, veremos o tanto de animal que está na rua, em situação de abandono, com fome, frio e doenças, porque não tem nem projeto de castração gratuita atualmente que atenda todos os animais.”
Foto: Gov.br
Para ela, o SinPatinhas é uma ferramenta que transforma amor em ação. “Quando registramos nosso animalzinho, nosso filho de patas, ajudamos na criação de um banco de dados nacional que ajuda no combate ao abandono, na identificação de animais perdidos e no planejamento de políticas públicas voltadas à causa animal.”
Mesmo diante da dor da despedida, Luciana vê no ato de dar baixa no cadastro um gesto de responsabilidade e amor. “Eu sei que dói essa lembrança, mas fui lá e dei baixa no RG de Dudinha, com a data da partida dela, visto que ela já se foi. Para quem, como eu, está passando pelo luto de um animalzinho, entendo que a saudade ainda é muito dolorida para o nosso coração.”
Com esperança, ela fala sobre o futuro. “Espero o dia que tudo se torne doces lembranças e eu possa então, com o coração mais leve, adotar um casalzinho de animais resgatados e fazer por eles o que pude fazer por Dudinha, que foi amá-la incondicionalmente até o dia da nossa despedida.”
Foto: Arquivo Pessoal / Luciana Martelli
Luciana finaliza com uma mensagem de carinho a todos os tutores. “Animais são vidas e merecem nosso amor e nosso respeito. Cadastrem seus filhos, seus pets. A coisa mais linda é a fotinha da carteirinha deles.”
SAIBA MAIS
O SinPatinhas é o Sistema do Cadastro Nacional de Animais Domésticos, criado pela Lei nº 15.046/2024 e regulamentado pelo Decreto nº 12.439/2025. O cadastro é gratuito, voluntário e pode ser feito pelo site sinpatinhas.mma.gov.br, usando o login do Gov.br.
O sistema reúne dados dos tutores e dos animais, permite o registro de vacinas, castração e até o óbito dos pets, auxiliando o poder público em campanhas de vacinação, combate aos maus-tratos e políticas de bem-estar animal.
Fonte: Charles Aparecido/Dourados News