27.6 C
Dourados
quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Abertura política da COP 30 começa hoje com cerca de 140 países

Evento deve lançar iniciativas como o fundo para florestas tropicais, iniciativa que visa recompensar financeiramente os países que preservam suas florestas.

Cúpula dos Líderes da COP30 começa oficialmente nesta quinta-feira (6), em Belém (PA), com a presença estimada de mais de 50 chefes de Estado e de governo.

O encontro marca a abertura política da Conferência do Clima da ONU, que terá suas negociações formais entre 10 e 21 de novembro.

🌎ENTENDA: Em outras COPs, como Glasgow (2021) e Dubai (2023), as reuniões de chefes de Estado ocorreram junto à abertura oficial. Segundo a presidência da COP30, desta vez a ideia é que os líderes se encontrem antes do início formal da conferência, para liberar os negociadores e ampliar o tempo dedicado às decisões climáticas mais complexas.

O evento, organizado pela Presidência brasileira, reúne governantes, vice-presidentes e ministros de cerca de 140 países.

Segundo o Itamaraty, a cúpula busca dar “direção política” às negociações, sem caráter deliberativo.

“A cúpula não é deliberativa. O que é deliberativo é a COP. Não há ideia de documento final na cúpula, isso será da conferência”, explicou o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente.

Nem todos os países, contudo, serão representados por seus chefes de Estado. Os Estados Unidos, por exemplo, não enviaram representantes políticos de alto escalão, e Donald Trump não participará do encontro.

Após uma série de reuniões bilaterais, é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que abrirá oficialmente a Cúpula.

Lula também deve aproveitar o evento para lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund, TFFF) e defender compromissos internacionais voltados à erradicação da fome, redução da pobreza e ampliação do uso de biocombustíveis.

Abaixo, saiba mais sobre o que é a Cúpula dos Líderes e entenda como ela vai influenciar as discussões da COP30.

O que é e como vai funcionar?

A Cúpula foi convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e organizada pela Presidência brasileira da COP30.

Em dois dias, haverá pronunciamentos na plenária e três mesas de alto nível.

Na primeira sessão, dedicada a florestas e oceanos, Lula deve apresentar oficialmente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF):

  • 💼 Estrutura: O TFFF adota um modelo de fundo de investimento com gestão de carteira de renda fixa voltado ao financiamento climático.
  • 💰 Captação: Pretende mobilizar cerca de R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) em recursos, combinando aportes de países e fundações com emissões de títulos no mercado financeiro.
  • 📈 Alavancagem: A operação utiliza uma lógica de alavancagem financeira, multiplicando o capital inicial por meio da emissão de dívida de baixo risco.
  • 🏦 Aplicação: O dinheiro será aplicado em ativos globais de renda fixa, com foco em investimentos seguros e sustentáveis que gerem retorno acima do custo do fundo.
  • 🔄 Distribuição: A diferença entre o rendimento obtido e o valor pago aos investidores (spread) será usada para remunerar países que preservam florestas tropicais, proporcionalmente à área conservada.
  • 🌱 Critérios: Pagamento anual por hectare de floresta preservado; destinação mínima de 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais; proibição de investimentos em combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás).
  • 🌳 Prioridade: Foco em países com grandes áreas tropicais, como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, além de outras nações em desenvolvimento com florestas úmidas.

Já a segunda sessão, dedicada à transição energética, deve concentrar as discussões sobre metas de curto e médio prazo.

Entre os compromissos em debate estão triplicar a capacidade global de energias renováveis até 2030, duplicar a eficiência energética e consolidar o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4x), uma coalizão liderada por Brasil, Itália e Japão que pretende quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.

O grupo abrange tecnologias como hidrogênio verde, biogás, biocombustíveis e combustíveis sintéticos.

Por fim, a terceira mesa fará um balanço dos dez anos do Acordo de Paris (2015–2025), avaliando o cumprimento das metas nacionais e o que deve ser incorporado nas novas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) para 2035.

O debate também abordará o financiamento climático, com destaque para o Roteiro Baku–Belém, plano apresentado pelas presidências do Azerbaijão (COP29) e do Brasil (COP30).

O documento prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, com base em cinco pilares: reforçar, reequilibrar, redirecionar, reestruturar e reconfigurar o sistema financeiro climático global.

Quem vem?

Ao menos 57 chefes de Estado e de governo participam da Cúpula.

No total, são 143 delegações confirmadas, segundo o Itamaraty, um número que inclui também vice-primeiros-ministros, ministros de finanças, meio ambiente e relações exteriores, além de representantes de organismos internacionais como a ONU, o Banco Mundial e o FMI.

Entre os líderes confirmados estão o presidente da França, Emmanuel Macron, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.

Também participam o presidente do Conselho Europeu, António Costa, o premiê da Noruega, Jonas Gahr Støre, o presidente do Quênia, William Ruto, e o primeiro-ministro da Jamaica, Andrew Holness.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também deve participar do encontro. Ela chegou a Belém na última quarta-feira (5).

Outra presença confirmada é do Príncipe William, que vai representar o rei Charles III.

Entre as ausências estão a de Donald Trump, Xi Jinping e Javier Milei.

Segundo agências internacionais, o presidente dos Estados Unidos não virá a Belém e o governo americano não enviará representantes políticos de alto escalão durante todo o período da COP.

Já a China, maior emissora de gases de efeito estufa do mundo, deve mandar apenas uma delegação técnica.

A Argentina, por sua vez, confirmou que não participará do encontro.

Ativistas posam durante protesto em Belém usando máscaras de líderes mundiais em véspera da Cúpula dos Líderes na COP30 — Foto: Mauro Pimentel/AFP
Ativistas posam durante protesto em Belém usando máscaras de líderes mundiais em véspera da Cúpula dos Líderes na COP30 — Foto: Mauro Pimentel/AFP

A Cúpula decide alguma coisa?

A resposta curta é: NÃO, a Cúpula de Líderes da COP30 não decide formalmente nada com efeitos vinculantes.

Na prática, a reunião funciona como um espaço de diálogo de alto nível entre chefes de Estado e de governo.

Nela cada líder faz um discurso na plenária geral e participa de uma ou duas sessões temáticas, organizadas em grupos de cerca de 40 participantes.

Esses encontros tratam de assuntos centrais da agenda climática, como florestas e oceanos, transição energética, financiamento climático e os dez anos do Acordo de Paris.

Diplomatas definem a Cúpula como um “termômetro político”: um momento para medir o nível de engajamento dos líderes e entender como as grandes potências e os países em desenvolvimento pretendem se posicionar nas negociações.

Embora não produza resoluções nem tratados, o evento tem peso simbólico.

É nele que devem se formar as primeiras impressões sobre o clima político da conferência, e sobre a disposição real dos governos em avançar em temas como financiamento climático, adaptação e redução de emissões.

Quem fará os discursos?

Os discursos de abertura serão feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião da conferência, e pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

A expectativa é que o discurso do chefe da ONU sirva como chamada global à responsabilidade, pedindo que os países tratem a COP30 como o ponto de virada entre a promessa e a prática.

Além de Guterres e Lula, também devem discursar líderes como Jonas Gahr Støre, primeiro-ministro da Noruega, António Costa, presidente do Conselho Europeu, e o vice-primeiro-ministro da China, Ding Xuexiang, que representa Xi Jinping.

Cada país terá tempo limitado na plenária para apresentar seus compromissos e prioridades.

Leia também

Últimas Notícias