Preso 30 minutos depois do assassinato de Alliene Nunes Barbosa, 55 anos, o venezuelano C.A.C.H., 44 anos, negou o crime em depoimento ao delegado Marcos Werneck Pereira. A vítima foi morta com 23 facadas na casa onde morava na Vila Sulmat, em Dourados, a 251 quilômetros de Campo Grande. Este é o 37º feminicídio do ano em Mato Grosso do Sul, sendo o 6º de novembro.
Inicialmente, aos policiais militares, C.A.C.H. teria confessado o crime, segundo o boletim de ocorrência. No entanto, em depoimento oficial na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da cidade, ele negou o assassinato e relatou brigas constantes por ciúmes com a vítima, que era sua ex-esposa.
Chorando muito, ele afirmou ter sido preso anteriormente, mas disse que não sabia o motivo. C.A.C.H. usava tornozeleira eletrônica e estava na casa da mãe, na região do Bairro Industrial, quando foi encontrado. Em certo momento do relato, o venezuelano foi questionado se Alliene havia se esfaqueado sozinha.
O homem negou que a vítima tivesse tirado a própria vida e chegou a citar o envolvimento de outra mulher, que seria vizinha de Alliene. Porém, não conseguiu explicar como tudo teria acontecido. C.A.C.H. ainda citou que a ex-esposa o ameaçava entregá-lo à polícia para ser preso novamente.
Ele afirmou, porém, que não tinha matado a ex-guarda municipal e que não estava fugindo da polícia quando foi encontrado na casa da mãe. “Não tenho nada a ver com o crime”, alegou C.A.C.H. no final do depoimento.
Sobre ter trancado o filho da vítima junto com o corpo de Alliene, o homem negou, mas deu novamente respostas confusas, dizendo “em outro cômodo”, ou seja, que havia deixado o menino em outra parte da casa. C.A.C.H. foi preso em flagrante por feminicídio.

23 facadas – Segundo o boletim de ocorrência, o crime aconteceu na residência da vítima, que é ex-guarda municipal, na Rua Romeu Martins de Almeida, por volta das 23h20. O filho de Alliene, menino de 9 anos, ficou trancado dentro da casa por aproximadamente 40 minutos, até que conseguiu pular o muro e pedir ajuda a um vizinho que acionou a PM (Polícia Militar).
Quando os policiais chegaram, o homem contou que o menino apareceu chorando, contando que o padrasto havia matado sua mãe. A equipe foi até a casa e arrombou o portão. Alliene já estava morta com várias perfurações.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e o Corpo de Bombeiros foram acionados e constataram cerca de 23 facadas na vítima. O menino foi levado por uma conselheira tutelar e os policiais fizeram diligências até encontrar o suspeito na casa da mãe, região da Vila Industrial.

