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sábado, 7 de junho de 2025

Leucena: A árvore invasora trazida do México para alimentar gado que vai ser erradicada de Campo Grande

Nesta semana, foi sancionada lei que prevê a erradicação e substituição das árvores da espécie na cidade. A nova legislação estabelece multa de R$ 1000 para quem descumpri-la. Especialistas explicam que a planta exótica tem a capacidade de 'sufocar' a biodiversidade da flora nativa

A leucena (Leucaena leucocephala), uma planta de aparência inofensiva e de história controversa, representa uma séria ameaça ao meio ambiente de Campo Grande. A espécie exótica, introduzida no ecossistema nativo por ação humana, será erradicada da cidade. 

Na quarta-feira (4), a lei municipal nº 7.418 foi sancionada pela prefeita Adriane Lopes (PP), tornando a eliminação e substituição dessas árvores uma obrigação em Campo Grande. Este novo marco é tido por especialistas como um passo importante para proteger a biodiversidade local.

❓🐂Como a árvore chegou no Brasil? – O especialista em ecologia e em árvores Milton Longo, explica que a planta chegou ao Brasil na década de 1970. Nativa do México, a espécie foi introduzida em Mato Grosso do Sul e outros estados como uma alternativa para alimentar o gado.

🌱🌿 Planta invasora e cultivo fora do controle – No entanto, o cultivo da leucena saiu do controle devido à capacidade de se espalhar rapidamente e dominar o ambiente, sufocando espécies de plantas nativas.

Planta é agressiva ao ecossistema, diz especialista

Longo explica que a leucena é agressiva ao ecossistema nativo. A árvore libera um composto químico, a mimosina, que inibe a germinação e impede o crescimento de outras espécies ao redor. Na prática, a leucena sufoca a vegetação nativa.

“Ela é muito agressiva, tem um crescimento muito rápido e se espalhou por todos os fundos de vale aqui em Campo Grande — fundos de vale, beiras de rodovias, ruas — porque cresce rápido, domina o ambiente e forma essas florestas únicas, mono-dominantes, compostas por uma única espécie.”

A pesquisadora Gisseli Giraldelli, bióloga e diretora da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, estuda a leucena há 15 anos e reforça que o crescimento descontrolado pode trazer riscos à saúde de todo o ecossistema.

“Uma área que sofre a invasão das leucenas perde toda a biodiversidade e vira aquilo que a gente chama de deserto verde. Aparentemente você olha, fala ‘tá lindo, né, tá verdinho, tem uma mata ali’, e quando você chega lá é toda de uma espécie só. Então ela ameaça a fauna e a flora como um todo”, afirma.

Giraldelli também destaca o impacto na saúde humana, já que a perda de biodiversidade em ambientes urbanos favorece o surgimento de doenças relacionadas ao desequilíbrio ecológico, afetando tanto a saúde quanto a economia.

Lei para erradicação aprovada

Foi sancionada a lei que prevê a erradicação e substituição das árvores da espécie na cidade. A nova legislação proíbe o plantio, comércio, transporte e produção da planta, e estabelece multa de R$ 1000 para quem descumpri-la.

Além da multa, a nova legislação prevê um plano de mapeamento das áreas onde a espécie invasora está presente. As árvores serão mapeadas e substituídas por árvores dos ecossistemas nativos, a fim de minimizar os impactos sobre a biodiversidade local.

O plano visa sensibilizar e engajar a comunidade na preservação ambiental. Para isso, promove a educação ambiental focada na conservação das espécies nativas e na conscientização sobre os riscos das espécies exóticas invasoras.

Processo de erradicação é difícil

Para os biólogos, a solução está no controle da planta por meio de manejo e monitoramento adequados. O biólogo Milton Longo complementa que erradicar e extinguir a leucena ainda é muito difícil, devido à alta viabilidade de suas sementes por muitos anos e à capacidade de rebrota imediata da planta.

O manejo adequado inclui a remoção da leucena e a substituição por uma espécie nativa de crescimento rápido, a fim de promover sombreamento e inibir seu desenvolvimento, além da retirada da camada superficial do solo onde estão as sementes, que podem permanecer viáveis por até cinco anos ou mais.

Fonte: Thuania Oliveira, Giovanna Dauzacker, g1 MS e TV Morena

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