A Associação de Pais e Amigos dos Autistas da Grande Dourados (AAGD) recebeu nesta terça-feira (19/08) a doação de R$ 34 mil referente a campanha Troco Solidário da Havan. Mais do que uma ajuda financeira, a contribuição reforça a importância do trabalho realizado pela instituição, que há 15 anos transforma a vida de centenas de famílias douradenses.
Segundo a coordenadora de projetos da AAGD, Jéssica da Silva Brito, em entrevista ao Dourados News, a história da associação começou de forma simples, mas com grande impacto.
“A AAGD nasceu em 2010 com a união de 4 famílias que ao receberem o diagnóstico de autismo para seus filhos não encontraram atendimentos especializados ou qualquer apoio”.
O início foi marcado pela busca por atendimentos de qualidade e pela luta pelos direitos das pessoas com autismo. “Desse modo, pensando no bem estar de seus filhos criaram uma associação para assim conseguirem os atendimentos que tanto necessitavam, além de também lutarem para que os direitos dos autistas fossem respeitados em nossa cidade”.
Hoje, a associação se consolidou como referência no atendimento multidisciplinar. “Atualmente oferecemos os projetos de ginástica, academia, arteterapia, alfabetização, musicalização, fonoaudióloga, psicóloga e equoterapia, além de termos atendimento psicológico familiar e assistência social, como também oficinas de artesanatos para as mães”.
Todos os atendimentos são 100% gratuitos para as famílias. Para isso, a AAGD conta com uma equipe de 35 profissionais, entre funcionários administrativos, de limpeza e especialistas que atuam diretamente com os pacientes. “Temos 340 pacientes e suas famílias em atendimento”.
Apesar dos avanços, manter a estrutura exige recursos constantes. Por isso, iniciativas como o recebimento do Troco Solidário são fundamentais para a AAGD.
“É de suma importância para a sobrevivência da instituição, já que mesmo recebendo algumas verbas públicas ou tendo parcerias com o poder público, esses valores tem destinação especifica e por muitas vezes restritas, por exemplo, alguns convênios permitem apenas compra de materiais, mas não permitem pagamento de profissionais, ou permite o pagamento dos profissionais, mas não as verbas trabalhistas dos mesmos, além dos gastos de manutenção, por isso precisamos ter um caixa próprio para tais demandas financeiras”.
Os valores arrecadados nesta campanha terão destinação direta nas despesas diárias da entidade. “Manter a instituição, suprindo as demandas financeiras cotidianas, como prestação de serviços, reformas, compra de materiais para os atendimentos e pagamentos necessários mensalmente, como o sistema de monitoramento que utilizamos em todas as nossas salas de atendimentos, para a proteção dos nossos pacientes, e entre outras contas fixas”.
Sobre novos projetos, Jéssica destaca que a expansão depende do valor das doações. “Sempre há planos de expansão, mas depende do valor recebido para que tenhamos um plano concreto de novos projetos, pois precisamos analisar cada detalhe sob a ótica financeira e de recursos humanos”.
No entanto, o maior desafio atual está em atender toda a demanda.
“Atualmente nossa maior dificuldade é conseguir atender toda a demanda que hoje existe em nossa cidade e região. Nosso número de atendidos é de 340 mas temos uma fila de espera de 500 pessoas, como o autismo não tem cura, as terapias devem ser continuas, não tendo rotatividade de vagas, mas para conseguirmos expandir precisamos de muito recurso financeiro não só para os profissionais que atendem diretamente os pacientes como também os setores administrativos e coordenativos que hoje se encontram em seu limite máximo. Ou seja, seria falta de mão de obra por falta de recursos financeiros”.
Ela ressalta que a ajuda da sociedade é essencial para manter o atendimento e alcançar mais famílias. “Doação voluntarias fariam muita diferença na nossa luta diária, além do apoio da população quando realizamos eventos de arrecadações como bazares e rifas”.
Empresas também podem contribuir e se tornarem parceiras da instituição. “Empresas e empresários podem ajudar através da [empresa amiga], nos doando valores mensais que podem ser abatidos em seus impostos de renda, assim eles ajudam a AAGD sem ter que gastar do próprio bolso, tornando-se uma empresa amiga dos autistas”.
Já o impacto positivo da associação vai além dos pacientes. “Diretamente, seria no atendimento da pessoa autista, ajudando no seu desenvolvimento que consequentemente ajudará no dia a dia com seu núcleo familiar. Indiretamente de forma ampla para a comunidade, seria as consequências desse desenvolvimento, pois com o tratamento adequado a pessoa autista consegue melhor resultados na escola, na faculdade, em um futuro emprego, e na sociedade em geral”.
Para Jéssica, o apoio coletivo é o que mantém a AAGD viva e atuante. “Queremos agradecer a todos que acreditam em nosso trabalho e nos apoiam. Ser uma instituição social não é fácil e nem sempre conseguimos ajudar a todos que precisam, mas se cada um ajudar como puder, seja de modo particular ou empresarial, podemos sempre alcançar mais pessoas”.
Ela reforça a importância da doação recebida nesta terça-feira. “Receber uma verba como essa do Troco Solidário não só nos ajuda grandemente em relação as finanças, mas também nos prova que nosso trabalho é visto com seriedade, e que grandes empresas como a Havan confiam que a AAGD é uma instituição confiável e necessária para a nossa cidade”.
A coordenadora lembra ainda que a instituição está em sua capacidade máxima. Atualmente, são 340 autistas atendidos, e a fila de espera já soma 500 pessoas. “Hoje não temos recursos suficientes para aumentar”, finaliza.
A Associação de Pais e Amigos dos Autistas da Grande Dourados (AAGD) está localizada na Rua Zeferino Vicente de Almeida, 2665, no bairro Canaã III, em Dourados. Quem quiser colaborar pode procurar a instituição para doações e parcerias.
Fonte: Charles Aparecido/Dourados News