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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Preço do café cai pelo 2º mês seguido, mas voltará a subir em breve, dizem indústrias

Produto deve ficar de 10% a 15% mais caro nas próximas semanas, segundo a Abic. Alta já acontece no campo.

Nem deu tempo de o brasileiro sentir a queda da inflação do café moído, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), que calcula a média dos preços praticados nas principais capitais brasileiras.

O levantamento mostrou que, em agosto, o café ficou 2,17% mais barato em relação a julho. Foi o segundo mês seguido de queda, depois de um ano e meio de altas, resultado do pico da colheita.

Mas os preços devem voltar a subir já nas próximas semanas entre 10% e 15%, estima o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio, com base em informações de duas grandes empresas do setor.

Segundo Inácio, o quilo do café deve voltar aos patamares de dezembro, quando chegou a R$ 80.

Isso tem acontecido porque a indústria está pagando mais caro pelo café que vem das fazendas.

No campo, as cotações, que chegaram a cair a partir de março, voltaram a subir desde o início de agosto. Veja no mapa abaixo, que mostra os valores para os tipos robusta e arábica, os principais produzidos no país.

O aumento no campo é o reflexo de fatores como:

  • a concretização do tarifaço de 50% dos EUA sobre o café brasileiro, que fez o preço do grão disparar na bolsa de Nova York, que é referência mundial para a negociação do grão;
  • os baixos estoques de café no mundo, resultado de quatro anos seguidos de queda na colheita dos principais produtores do mundo em razão dos problemas climáticos;
  • a queda na produção brasileira de café arábica este ano, principal variedade produzida no país;
  • geadas no Cerrado Mineiro, que causaram um prejuízo de 424 mil sacas (25 mil toneladas), segundo a StoneX Brasil.

Efeito do tarifaço nos preços

Até o início de agosto, o tarifaço ainda não havia provocado alta nas cotações do café no campo brasileiro e na bolsa de Nova York.

Isso porque o mercado esperava que o presidente dos EUA, Donald Trump, colocasse o café na lista de produtos isentos do tarifaço, como fez com o suco de laranja, explica o analista da StoneX Brasil, Fernando Maximiliano. Afinal, mais de 30% do grão consumido nos EUA sai do Brasil.

Como o café ficou de fora da lista, a cotação do produto disparou na bolsa, diante da expectativa de redução da oferta dentro dos EUA.

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O tarifaço também não aumentou a quantidade de café disponível no Brasil, um cenário que poderia ter dado um alívio para o bolso do brasileiro.

“Esse excedente de café [que iria para os EUA] vai ser comercializado para outros destinos”, diz Maximiliano.

Na avaliação dele, os exportadores brasileiros devem começar a vender mais café para a Europa. Isso porque grandes países produtores, como a Colômbia, devem direcionar mais café para os EUA, deixando de atender outros clientes, como os europeus.

Fonte: Paula Salati/Marcelo Tuvuca/g1

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