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segunda-feira, 13 de outubro de 2025

‘Falsa couve’: mulher tem piora no estado de saúde por lesão grave no cérebro e idoso sai do coma após intoxicação em MG

Um terceiro paciente segue em coma induzido. As vítimas tiveram parada cardiorrespiratória após consumir a planta tóxica Nicotiana glauca, confundida com couve, em Patrocínio, no Alto Paranaíba.

Dos três pacientes internados após ingerirem a planta tóxica conhecida como “falsa couve” em Patrocínio, no Alto Paranaíba, um idoso saiu do coma, uma mulher está em estado gravíssimo com lesão cerebral, e o terceiro permanece em coma induzido.

A atualização do boletim médico foi divulgada neste domingo (12) pela secretária de Saúde do município, Luciana Rocha. Confira o estado de saúde das vítimas:

  • Homem, 60 anos: quadro grave. Está em coma induzido, dependente de aparelhos para respirar, sem condições de suspender a sedação. A equipe médica aguarda a resposta ao novo antibiótico para melhorar os parâmetros infecciosos.
  • Homem, 64 anos: foi extubado no sábado (11). Segue estável, e a equipe médica avalia a proposta de alta nos próximos dias.
  • Mulher, 37 anos: quadro muito grave. Está sem sedação, mas “sem despertar efetivo”. Tomografia de crânio indicou gravidade com lesão cerebral e possível sequela.

Família foi socorrida com sintomas de envenenamento

Na quarta-feira (9), por volta das 15h, quatro pessoas passaram mal pouco depois do almoço e foram atendidas por equipes do Corpo de Bombeiros, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da Polícia Militar.

No momento do socorro, as vítimas chegaram a sofrer parada cardiorrespiratória, mas os socorristas conseguiram reverter o quadro ainda no local. Elas foram encaminhadas em estado grave para a Santa Casa de Patrocínio e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Entre os intoxicados estavam uma mulher de 37 anos e três homens, de 60, 64 e 67 anos. Um deles, de 67 anos, recebeu alta na quinta-feira (9). Uma criança de 2 anos também foi hospitalizada, mas apenas para observação, já que não chegou a ingerir a planta.

Vítimas confundiram planta com couve

A intoxicação ocorreu durante um almoço em família em uma chácara na zona rural. O vegetal foi colhido no próprio terreno e servido refogado na refeição.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a família havia se mudado recentemente para a chácara e acreditava que a planta era couve, devido à semelhança com o vegetal.

A Secretaria de Saúde informou que parte da “falsa couve” foi encontrada na arcada dentária da mulher e encaminhada, junto com outras folhas da planta, para análise na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.

A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar o caso. A principal linha de apuração é envenenamento acidental.

Como diferenciar a ‘falsa couve’ da verdadeira

Nicotiana glauca, planta conhecida como ‘falsa couve’ tem características físicas que podem diferenciá-la da couve verdadeira. Entre elas, estão: folhas um pouco mais finas, textura aveludada e coloração verde-acinzentada.

As informações foram confirmadas pela professora Amanda Danuello, especialista em química de produtos naturais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

“Enquanto a couve que a gente consome tem a folha mais grossa e nervuras bem marcadas, a Nicotiana glauca tem um verde mais vivo. Mas, ainda assim, se você não tem uma do lado da outra, fica bastante difícil a diferenciação. A dica é não consumir nada que você não tenha certeza da procedência”, afirmou a especialista.

Ainda de acordo com a professora, a ingestão da Nicotiana glauca pode causar intoxicação grave e até levar à morte.

‘Falsa couve’: mulher tem piora no estado de saúde por lesão grave no cérebro e idoso sai do coma após intoxicação em MG
Falsa couve tem folhas mais finas, textura aveludada e coloração verde acinzentado. — Foto: Polícia Militar/Divulgação

Preparo influencia na toxicidade da planta

Nicotiana glauca, também chamada de charuteira, tabaco-arbóreo ou popularmente como ‘fumo bravo’ , é uma planta extremamente tóxica, comum em áreas rurais e à beira de estradas em todo o Brasil. Conforme a professora da UFU, a planta contém uma substância chamada anabazina, um alcaloide que pode causar paralisia muscular, respiratória e até levar à morte.

A especialista alerta que o modo de preparo também influencia na gravidade da intoxicação.

“Ela é bastante comum em áreas rurais, em todo o Brasil, na beira de estradas. Infelizmente, ela é bem comum e facilmente confundida com a couve. Dependendo da forma como é consumida, crua ou cozida, isso vai alterar a quantidade dessa substância tóxica que a pessoa vai consumir, podendo levar a efeitos ainda mais graves”, explicou.

Em casos de ingestão da ‘falsa couve’, não existe nenhum tipo de antídoto que possa ser administrado em casa. A indicação é procurar imediatamente atendimento médico, pois quanto mais rápido for o socorro, maiores são as chances de evitar complicações graves da intoxicação.

Fonte: g1

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