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quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Menino autista de 11 anos morto asfixiado pelo pai por causa da pensão alimentícia: entenda o caso

Suspeito de cometer o crime confessou, em depoimento, a morte do filho por não querer mais ter despesas com pensão alimentícia.

Um menino autista de 11 anos foi morto pelo pai, Davi Piazza Pinto, que confessou à Polícia Civil ter matado o filho por asfixia, em João Pessoa. Ele foi preso após se apresentar às autoridades em outro estado, em Santa Catarina, onde reside.

De acordo com a Polícia Civil, Davi Piazza disse em depoimento que matou o filho, que também era uma pessoa com deficiência visual, por não conseguir arcar com a pensão alimentícia.

Foram separadas as principais informações sobre o caso, como o depoimento do pai, as circunstâncias do crime, o que ainda falta saber nas investigações, além da versão da mãe, que se encontrou com o suspeito antes da morte do filho, para deixar a criança sob os cuidados dele.

Pai matou o filho por conta de pensão alimentícia, diz polícia

De acordo com o delegado Bruno Germano, o pai de Arthur Davi relatou em depoimento à Polícia Civil de Florianópolis, Santa Catarina, que estava endividado e, por isso, decidiu matar o próprio filho para não precisar pagar mais a pensão alimentícia da criança, que custava em torno de R$ 1,8 mil.

Ainda segundo o delegado Bruno Germano, o pai do menino também teria afirmado ter matado a criança para “se livrar da dívida”. Os depoimentos de Davi Piazza foram recebidos pela Polícia Civil da Paraíba.

“Nós recebemos os depoimentos da Polícia de Florianópolis do procedimento realizado lá e ele confessou à Polícia Militar que tinha matado a criança num apartamento por meio de asfixia. E o laudo saiu hoje também, foi comprovado que foi a asfixia mesmo. Ele levou o corpo do menino até o terreno baldio. Segundo ele, estava apertado financeiramente, pagava religiosamente todo mês, em torno de R$ 1.800 de pensão, e decidiu vir pra cá pra matar a criança, pra se livrar dessa dívida. Segundo ele, né? Uma motivação totalmente fútil”, afirmou o delegado à rádio CBN João Pessoa.

Menino autista de 11 anos morto asfixiado pelo pai por causa da pensão alimentícia: entenda o caso
Arthur, de 11 anos, estava dentro do Espectro Autista e possuía deficiência visual — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução

Motorista que buscou o pai no local da desova do corpo foi ouvido

Um motorista de aplicativo que buscou Davi Piazza Pinto em uma área de mata no bairro do Colinas do Sul, na última sexta-feira (31), foi ouvido pela Polícia Civil nas investigações do caso da morte da criança.

Segundo o delegado Thiago Cavalcanti, responsável pelas investigações, dois motoristas foram responsáveis por levar e trazer o suspeito do local de desova do corpo do garoto após o homicídio, ambos enquanto realizavam o serviço no aplicativo. O que foi ouvido disse que fazia viagem de rotina e ele mesmo se apresentou para prestar esclarecimentos.

O homem procurou a polícia após, segundo as investigações, ter visto a foto do homem que confessou ter cometido o crime na televisão e reconhecer que realizou uma viagem pelo aplicativo. O motorista que levou o homem para o local de desova ainda não foi localizado.

“Ainda não concluímos as investigações, precisamos obter outras informações para entender toda a dinâmica do crime, mas ele retornou com o motorista por aplicativo, onde ele enterrou a criança, até o imóvel que estava”, disse o delegado.

Corpo da criança foi enterrado em local próximo à mata

Menino autista de 11 anos morto asfixiado pelo pai por causa da pensão alimentícia: entenda o caso
Corpo de criança é encontrado dentro de saco plástico em uma cova rasa, em João Pessoa — Foto: Flávio Fernandes/TV Cabo Branco

O corpo da criança foi encontrado, na noite do sábado (1º), em uma área de mata. Arthur Davi estava desaparecido desde a manhã de sexta-feira (31). Desde o início apontado como o principal suspeito, o pai da criança se entregou à polícia em Santa Catarina.

De acordo com informações da Polícia Civil, o homem havia viajado de Santa Catarina para a Paraíba com o argumento de ajudar nos cuidados do filho. A mãe da criança mora em João Pessoa e está em um novo relacionamento. O pai manteve contato com ela e pediu para se encontrar com o menino, o que aconteceu no bairro de Manaíra, zona leste da capital paraibana.

“O pai esteve aqui [em João Pessoa] na quinta-feira, na sexta ele recebeu a criança para curtir momentos em família. Ele tinha combinado com a mãe de levar a criança para passar um tempo [com ele] em Florianópolis. [A mãe] começou a falar com ele, perguntar sobre o filho, e ele dizendo que estava tudo bem. Não enviava fotos. Quando hoje [domingo], ele, arrependido, ligou para ela, informando que tinha matado a criança, o local onde tinha ocultado o cadáver e se entregou à polícia de Florianópolis”, disse o delegado Bruno Germano.

Davi levou o corpo até o bairro Colinas do Sul, onde o enterrou nas imediações de uma antiga fábrica abandonada. O corpo foi encontrado dentro de um saco plástico preto, parcialmente coberto por terra, em uma cova rasa.

De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte de Arthur Davi foi asfixia por sufocação. Outros exames, como o toxicológico, também foram feitos, mas os resultados ainda não saíram. O corpo foi liberado para os familiares ainda no domingo (2). A criança foi enterrada na segunda-feira (3).

Mãe disse que pai queria se aproximar de filho

Mãe sobre caixão do filho, menino de 11 anos que foi morto asfixiado pelo pai, em João Pessoa — Foto: Karine Tenório/TV Cabo Branco
Mãe sobre caixão do filho, menino de 11 anos que foi morto asfixiado pelo pai, em João Pessoa — Foto: Karine Tenório/TV Cabo Branco

Aline Lorena, mãe da criança morta, disse para a TV Cabo Branco, na manhã da segunda-feira (3), durante o enterro do menino, no Cemitério do Cristo Redentor, em João Pessoa, que não esperava que a morte do filho acontecesse quando concordou com a aproximação do pai com o a criança, a pedido dele próprio.

Ela contou que deixou pronto tudo o que o filho precisaria durante o período em que ficaria com o pai e que pediu para que o homem a avisasse caso a criança apresentasse algum sinal de irritação enquanto eles estivessem juntos.

“Tudo foi muito combinado. A gente conversou, eu sentei com ele. Um dia antes eu expliquei: ‘cara, o Arthur é assim, ele come assim’, eu passei no mercado, comprei o que ele gostaria de comer. Arrumei a roupinha dele, falei: ‘ele vai viajar com tal roupa, tem o fonezinho abafador, como ele é uma criança autista, pode ser que ele se irrite no caminho, mas me avisa, ele tem horário de ir no banheiro, ele tem as coisinhas dele’…”, contou Aline Lorena, mãe da criança.

A mãe contou ainda que chegou a ir ao encontro do pai com o menino e que se disponibilizou para ajudá-lo, devido à condição de autismo que a criança tinha, que poderia ser um fator que causasse alguma dificuldade para o pai da criança em termos de cuidados específicos que ele deveria fornecer.

“Deixei tudo certo. Deixei o menino alimentado, dei banho, ainda quis ficar mais um tempo, mas ele [o pai da criança] falou: ‘não, pode ir que eu cuido, eu preciso conviver’. Não passava pela minha cabeça o que ia acontecer. Não tem justificativa. O Arthur foi uma criança incrível, nasceu de 5 meses, 800 gramas. A gente batalhou a vida inteira por ele. O que aconteceu só cabe à Justiça agora”, disse Aline.

O caso ainda não é tratado como concluído pela Polícia Civil que tenta saber mais da dinâmica da morte e colher depoimentos de testemunhas.

Fonteg1 PB

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